Um vídeo extremamente perturbador, descrito pela polícia como “horrível pra caramba”, circulou na internet apesar dos esforços das autoridades canadenses para sua remoção. A gravação, feita por Luka Rocco Magnotta, mostra o brutal assassinato e abuso sexual por “necrofilia” de Lin Jun, um estudante chinês de 33 anos, que cursava na Universidade Concordia, em Montreal.
O conteúdo gráfico de quase 11 minutos, divulgado inicialmente em um site canadense de “realidade sem censura”, retrata um homem nu, amarrado a uma cama, sendo violentamente atacado com um picador de gelo e uma faca de cozinha. Após ser esfaqueada e ter a garganta cortada, a vítima é decapitada e esquartejada. O vídeo ainda exibe indícios de canibalismo e necrofilia.
Em maio de 2012, o Canadá se viu no centro de um crime brutal que transcendeu fronteiras, ultrapassou os limites da compreensão humana e se espalhou pela internet em forma de horror gráfico. O assassino: Luka Rocco Magnotta, um jovem canadense obcecado por atenção, sadismo e manipulação.

Semanas antes do assassinato, Luka já plantava as sementes do crime. Em 22 de abril de 2012, ele postou um vídeo com o título Cannibal Serial Killer Luka Magnotta, sob o pseudônimo “Rita VanVolkenberg”. Em 15 de maio, dez dias antes do assassinato, voltou à internet usando vários nomes — entre eles “alexisvaloranreich”, “Aiden_V”, “babymaggie11” e “briankinney556” — para insinuar a existência de um vídeo chamado 1 Lunatic 1 Ice Pick, supostamente feito por “um homem de San Francisco”. Mas tudo não passava de uma encenação do próprio autor para preparar o terreno psicológico e midiático do que viria a seguir.

Na quinta-feira, 24 de maio, Lin Jun saiu de casa às 17h e trocou suas últimas mensagens até as 21h. Ele foi ao apartamento de Magnotta no bairro Snowdon, onde viviam um relacionamento amoroso. Sem saber, seria sua última noite. Magnotta drogou Lin com morfina, o amarrou nu à cama, vendou seus olhos, o amordaçou e ligou a câmera. Ao fundo, tocava True Faith, da banda New Order. Com uma faca de cozinha e um picador de gelo, Luka o esfaqueou mais de 20 vezes, decapitou-o ainda com vida e praticou atos de necrofilia e canibalismo. A parede do quarto exibia um pôster do clássico Casablanca.

No dia seguinte, 25 de maio, o vídeo de 11 minutos foi publicado no site BestGore.com. A gravação mostra o assassinato e esquartejamento em detalhes. No sábado, 26, vizinhos viram Magnotta carregando pacotes. Ele fugiu para Paris com um passaporte falso, usando o nome “Kirk Trammel”.
Na terça-feira, 29, o porteiro Mike Nadeau encontrou uma mala na calçada com o torso de Lin. No mesmo dia, pacotes com um pé e uma mão foram enviados às sedes dos partidos Conservador e Liberal em Ottawa, acompanhados de bilhetes perturbadores. A polícia rapidamente conectou os envios ao vídeo e ao desaparecimento de Lin. Naquele mesmo dia, o apartamento 208 de Magnotta foi inspecionado. Lá estavam o colchão ensanguentado, utensílios usados no crime, documentos de ambos e uma geladeira com sangue humano.
A Interpol emitiu um alerta vermelho para a prisão de Magnotta em 31 de maio. A polícia encontrou rastros dele em Paris e até objetos pessoais em um hotel. No entanto, ele já havia fugido de ônibus para Berlim, na Alemanha. Em 4 de junho, foi reconhecido em um cybercafé por Kadir Anlayisli enquanto assistia às notícias sobre sua própria caçada. Preso sem resistência, sua identidade foi confirmada por impressões digitais.
Dois dias depois, em 5 de junho, escolas em Vancouver receberam os pés e as mãos restantes da vítima, encerrando a distribuição macabra dos restos mortais. A cabeça de Lin só foi encontrada em 1º de julho, em um parque de Montreal.
No domingo, 3 de junho, ele postou um novo vídeo cumprimentando seus amigos, zombando dos policiais e fumando um cigarro, enquanto ouve a música “La isla bonita”, de Madonna.
Luka foi extraditado para o Canadá em 18 de junho. Seu julgamento começou em setembro de 2014. Durante o processo, o pai da vítima, Diran Lin, chorou ao ouvir os detalhes do crime e teve que deixar o tribunal. Em 23 de dezembro, o júri declarou Luka Magnotta culpado por unanimidade de homicídio em primeiro grau. Foi sentenciado à prisão perpétua, sem possibilidade de liberdade condicional.

A brutalidade do assassinato e sua difusão online causaram indignação mundial. Na China, o caso gerou protestos e críticas ao sistema de segurança canadense.
Até hoje, o caso de Luka Magnotta permanece como um dos mais repugnantes e perturbadores da era digital.