A Colômbia atravessa um momento de tensão extrema após uma série de ataques coordenados por dissidentes das FARC no sudoeste do país, que deixaram pelo menos quatro mortos, dezenas de feridos e destruição em várias cidades nesta terça-feira (10). Os atentados ocorreram apenas dias após a tentativa de assassinato do senador Miguel Uribe Turbay, que permanece em estado crítico, elevando o clima de insegurança e instabilidade política no país.
Segundo a Polícia Nacional, os ataques foram conduzidos por facções dissidentes das extintas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) e tiveram como alvos principais delegacias de polícia, prefeituras e rodovias, numa escalada que as autoridades classificaram como “terrorismo coordenado”.
“São ações orquestradas contra o Estado, em especial contra as forças de segurança”, afirmou o general Carlos Fernando Triana, chefe da Polícia Nacional, durante entrevista coletiva.
No departamento de Cauca, uma das regiões mais atingidas, um caminhão-bomba explodiu próximo à prefeitura de El Bordo, no município de El Patía, destruindo parte do prédio público, uma delegacia e comércios próximos. Pelo menos seis civis ficaram feridos.
Na cidade de Corinto, um carro-bomba detonou na praça central, causando danos a mais de 25 prédios, incluindo a prefeitura. Já em Caloto, um policial de 24 anos, Jair Gonzalo Gurrute, foi assassinado por um atirador de elite. Outro policial morreu ao pisar em um explosivo artesanal próximo ao pedágio de Villa Rica.
Na rodovia Cali-Palmira, autoridades encontraram seis cilindros de gás com marcas das FARC, o que causou bloqueios temporários e interrompeu o tráfego próximo ao Aeroporto Internacional Alfonso Bonilla Aragón.
Na cidade portuária de Buenaventura, no Pacífico colombiano, uma explosão abalou o prédio do Comando de Atenção Imediata (CAI) de Bolívar. Em Cali, capital do Valle del Cauca, diversas instalações policiais foram atacadas nos bairros Meléndez, Manuela Beltrán e Los Mangos. Dois civis morreram e pelo menos nove pessoas ficaram feridas, incluindo uma criança de cinco anos e dois policiais.
“Estamos diante de uma onda de terrorismo”, disse o prefeito de Cali, Alejandro Eder, que exigiu recursos federais para restaurar a ordem pública.
O Secretário de Segurança de Cali, Jairo García, anunciou uma recompensa de COP$ 300 milhões (aproximadamente US$ 80 mil) por informações que levem aos responsáveis.
As autoridades acreditam que os ataques podem ter sido orquestrados para marcar o aniversário da morte de Leider Johany Noscué, conhecido como “Mayimbú”, um dos principais comandantes dissidentes das FARC, morto pelas forças de segurança em 2022.
Os ataques ocorrem poucos dias após a tentativa de assassinato do senador Miguel Uribe Turbay, um dos principais nomes do partido Centro Democrático, de oposição ao governo Petro. Turbay, de 39 anos, foi baleado à queima-roupa por um adolescente de 15 anos e está internado em estado crítico no Hospital Santa Fé, em Bogotá.
A Câmara dos Deputados realizou uma missa solene em homenagem ao senador, cuja cadeira no Senado foi coberta com a bandeira nacional. Do lado de fora do hospital, apoiadores realizam vigílias à luz de velas diariamente.
Com o agravamento da violência e o atentado contra um senador da oposição, o presidente Petro enfrenta pressão crescente para responder com firmeza e controlar a escalada armada no país.
“O momento exige ações firmes, coordenação total entre forças armadas e um compromisso claro com a proteção dos civis e da democracia”, declarou uma fonte do Ministério da Defesa sob anonimato.
Enquanto a Colômbia busca explicações e soluções, o medo e a insegurança voltam a assombrar o cotidiano das comunidades, principalmente no sudoeste do país, onde a presença do Estado continua fragilizada frente à ação de grupos armados ilegais.